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Quem acabou com o ESG?


Quem acabou com o ESG?

Alguns dias atrás, o respeitado Financial Times publicou um video de 28 minutos que está dando muito o que falar. Seu título é: Who Killed the ESG Party? O link para o video está no final deste texto.


Em síntese, o video afirma que o ESG está morto, mas não os problemas que deram origem ao conceito. Segundo a publicação, o ESG foi vendido ao mundo como uma revolução no capitalismo, com o poder de salvar a humanidade de um colapso praticamente iminente. Essa visão foi amplamente aceita por empresas do mundo todo, bem como a sociedade em geral. Porém, de uns tempos para cá, o ESG sumiu dos discursos corporativos. O que teria acontecido para tirar o ESG do Olimpo?.


Por incrível que pareça, as respostas são até simples:


1. Putin: a interrupção do fornecimento de gás para a Europa criou um dilema para os radicais defensores climáticos: ou se reduzem as emissões de Co₂, ou se aquecem casas, escritórios e fábricas durante o inverno. A necessidade fez com que os escrúpulos foram abandonados. Na Alemanha, o poluente carvão foi resgatado e aumentou sua participação na matriz energética, uma medida apoiada até mesmo pelo Partido Verde.


2. Carlson Tucker: jornalista americano que não tem escrúpulos em criar notícias para alavancar audiência. Associou o selo WOKE à causa ESG. Logo, os grandes fundos de investimentos tiveram de justificar os baixos rendimentos das aplicações de fundos de pensão. Larry Fink, fundador da BlackRock e guru de 10 dentre 10 investidores de Wall Street, foi o primeiro a banir as três letras. Sua última carta aos CEOs, intitulada “Uma mudança estrutural das finanças”, é um primor de oratória para sustentar a mudança de foco. Embora reafirme a necessidade de mudanças na matriz energética, prevenção de riscos climáticos e maior transparência nas informações, ele não menciona nenhuma vez a palavra ESG e recomenda muito claramente a flexibilização na adoção de princípios ESG na tomada de decisões de investimento.


3. Desiree Fixler: A sra. Fixler comandava o braço de sustentabilidade de uma subsidiária do Deutsche Bank, sendo seu maior cliente a Wirecard, gigante alemã de processamento de pagamentos, emissão de cartões e serviços de gestão de riscos, com operações em todo o mundo. A empresa teve sua nota ESG elevada ao grau máximo um pouco antes de falir, em um dos maiores golpes empresariais da história, deixando para trás um buraco de bilhões de euros.


Como tudo no mundo empresarial, vão-se as terminologias, metodologias e hypes mas ficam as lições aprendidas. Existe, de fato, uma preocupação genuína da sociedade com os problemas de meio ambiente, as questões sociais e o excesso de poder econômico. Essas questões continuarão a ser tratadas pelas empresas e novas soluções serão endereçadas.


Porém, da mesma forma como os departamentos de diversidade e inclusão estão sendo fechados porque não se promove mudanças culturais com regras impositivas, as preocupações expressas pelo ESG não podem ser todas tratadas debaixo de um mesmo guarda-chuva.


A começar pelas métricas. Até hoje luta-se muito para desenvolver uma métrica que faça sentido. Como comparar o valor de minimizar o impacto de uma mina de ferro no meio ambiente com a implantação de um projeto educacional em uma cidade pobre? Tudo isso entrava na mesma matriz de materialidade, junto com uma montanha de outros projetos completamente díspares. E tudo isso se desdobrava em uma miríade de novos objetivos para os gestores e vinculação com bônus por desempenho. Tornou-se, e continua sendo, uma grande confusão, algo a ser eliminado.


O que virá depois do ESG?


Deixemos as “McKinseys e Berkeley Research Group´s” se debruçarem sobre o problema, algo que elas já estão fazendo. Em breve teremos boas novidades

Por enquanto, le roi est mort, vive le roi.

 

Veja o video do Finantial Times acessando este link:  https://www.ft.com/video/1eeebd90-25d4-4421-a175-deedcdbf9c18

 

 

 

Fabio Nogueira

VP de Longevidade

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