Minha carreira foi caracterizada, em grande parte de minha jornada, em empresas financeiras de médio e grande porte, nacionais e multi-nacionais. Mas de 8 anos para cá, me envolvi (e me apaixonei) pelas startups, e hoje trago em minha bagagem o melhor do mundo corporativo, somado ao melhor do ecossistema das startups do Brasil e de alguns lugares do mundo aos quais visitei e estudei (ex.: China, Vale do Silício, Web Summit Portugal, Israel).
Quem acha que startups é coisa só para jovens está enganado, pois a mistura de jovens cheios de energia com pessoas de mais idade e experiência, é a fórmula certa para se ter uma startup de sucesso, neste mundo de inovadoras soluções.
Não, de fato não é uma tarefa fácil, e para qualquer um que queira atuar neste universo disruptivo e incerto, deve ter energia e disposição para pensar diferente, se desafiar, e juntar técnica com paixão latente, todos os dias. Empreender é um grande desafio, e numa startup onde é necessário inovar, sair do quadrado, quebrar os paradigmas, é mais complexo ainda.
O que me encanta neste ecossistema é a energia, o propósito, os desafios de romper a barreira do comum, pensando o tempo todo em “disruptar” e quebrar o status-quo do mercado. É apaixonante ter um olhar fixo e pensar intimamente sobre o cliente e suas dores, por todo o tempo.
Muitas corporações (líderes em seus mercados) ainda pensam em produtos e não nos clientes. Consideram que os clientes devem se adaptar aos seus produtos, mesmo que não resolva por completo suas dores, ou se resolvem, a custos altos e/ou experiências frustrantes e trabalhosas.
Nas startups pensamos prioritariamente nos clientes e nas suas dores reais. Não pensamos em lotes de clientes onde um produto vai atender a um grupo e a outros não.
Identifica-se a(s) persona(s) e perfis de clientes que se quer atingir, e com isso começa a montagem do(s) produto(s) voltado(s) às estas personas previamente definidas.
Os produtos são idealizados para atendê-los, usando técnicas de pesquisas e de testes que permitem uma aproximação relevante com os desejos reais das personas (público-alvo). Após pesquisas, são feitos vários MVP’s, que numa tradução simples significa “mínimo produto viável”. Com o MVP “rodando”, mede-se rotineiramente a aceitação dos clientes por meio da técnica chamada NPS (tipo de avaliação que retrata o que os clientes estão achando do produto e da experiência), e por fim, mede-se o churn, que representa a perda de clientes que a startup está tendo em determinado período. Tudo com uma dinâmica intensa, perseguindo respostas rápidas para que seja possível ajustar ou até pivotar o produto (mudar a tese do produto e até do negócio). Sim, uma startup tem pressa o tempo todo.
Pensar no cliente e blá blá blá, parece meio básico e óbvio para o mundo dos negócios, mas garanto que nunca vi este comportamento no mundo corporativo das grandes e médias companhias, apesar dos belos discursos de seus diretores e presidentes (inclusive meus, quando eu atuava como C-level).
Na startup de sucesso, este mindset voltado ao cliente está na cultura, na cabeça, no comportamento de todos, fazendo efetiva diferença da porta para fora.
O mundo das fintechs (startups voltadas ao mercado financeiro) é um mercado cheio de oportunidades para as startups, seja ao redor do mundo, seja no Brasil, porque a histórica concentração de mercado trouxe baixa competitividade e acomodação das grandes instituições, deixando brechas gigantescas para as jovens e promissoras startups, especializadas neste segmento, romperem com a ineficiência existente no mercado.
Mas este tema ficará para nosso próximo encontro, aqui no site da FBM.
Wagner Aguado
VP de Startups e Fintechs
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